Copom indica que ritmo de queda será mantido nas próximas reuniões, nos encontros de março e maio
O Banco Central reduziu a Taxa Selic em 0,5 ponto percentual
na noite desta quarta-feira, para 11,25%, o menor patamar de juros desde março
de 2022. Com a decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou
que o ritmo de queda será mantido nas “próximas reuniões”, o que inclui mais
duas reduções de meio ponto nos encontros de março e maio.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê,
unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e
avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária
contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o texto.
A decisão de cortar os juros em meio ponto hoje já havia
sido sinalizada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na última reunião do
ano passado e era amplamente esperada pelo mercado.
Esta foi a quinta redução consecutiva da taxa, que começou a
cair na reunião de agosto de 2023, depois de permanecer por quase um ano em
13,75%, ou oito reuniões consecutivas.
Esse patamar elevado de juros foi alvo de críticas do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também da presidente do
PT, Gleisi Hoffmann. A redução em doses de meio ponto também tem sido
motivo de reclamação por parte de integrantes do governo, incluindo o ministro
da Fazenda, Fernando Haddad.
A reunião desta quarta-feira foi a primeira com os dois
novos diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano
passado. Paulo Picchetti assumiu a diretoria de Assuntos Internacionais e de
Gestão de Riscos Corporativos e Rodrigo Alves Teixeira, a diretoria de
Administração. Com isso, Lula já tem quatro dos nove diretores do BC. Além
deles, o presidente já indicou Gabriel Galípolo, para a diretoria da Política
Monetária, e Ailton De Aquino Santos, para Fiscalização.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
fechou 2023 com alta acumulada de 4,62%, dentro do intervalo da meta da
inflação, que era de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou
para baixo.
As projeções de inflação medidas pelo Boletim Focus, que
coleta estimativas do mercado financeiro, estão em 3,81% para 2024, e 3,5% nos
próximos anos. A meta é de 3%, com intervalo de 1,5 ponto. Embora esteja na
tolerância, os números se mantêm acima do centro, por isso, o BC tem receio de
acelerar o ritmo de cortes para 0,75 ponto, como deseja o governo Lula e
integrantes da equipe econômica.
Outro ponto de preocupação do Banco Central é o risco de
crescimento dos empréstimos subsidiados via BNDES, que poderiam diminuir os
efeitos da política monetária. Quanto maior o volume de recursos subsidiados,
no chamado “crédito direcionado”, maior também precisa ser a taxa de juros do
chamado “crédito livre”, para se conseguir conter a alta da inflação.
Na última semana, o governo anunciou um plano de incentivo à
indústria. Embora a maior parte dos recursos tenha como referência taxas de
mercado, o projeto aumentou o medo de que isso represente uma volta ao crédito
subsidiado que vigorou durante o mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.
Também nesta quarta-feira, o Fed, banco central americano,
optou por manter a taxa básica de juros dentro do intervalor entre 5,25% e
5,5%. A manutenção era consenso entre os analistas de mercado.
Os juros americanos exercem papel central para a economia
mundial. Por ser a maior economia do mundo, com baixo risco fiscal, por ser o
país detentor do dólar, os juros altos por lá tendem a atrair investidores,
provocando desvalorização de moeda de países mais arriscados, como o Brasil.
Por isso, se o Fed corta juros, o BC brasileiro pode
acelerar o ritmo de cortes por aqui, para 0,75 ponto por reunião, sem se
preocupar com o que os economistas chamam de “diferencial de juros” entre os
dois países.
O Copom brasileiro disse que não acredita ser apropriado
reduzir o intervalo da taxa de juros até ganhar mais confiança de que a
inflação está convergindo para a meta de 2%. As próximas decisões dependem da
análise de dados macroeconômicos.
Com informações de O Globo.
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