Encontro com Diana Mondino ocorreu neste domingo (26) em Brasília
O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, avaliou, em
coletiva de imprensa neste domingo (26/11/2023), como “produtiva” a reunião com a
deputada argentina eleita Diana Mondino, chanceler designada pelo presidente
eleito Javier Milei. Vieira destacou que, a despeito de possíveis falas
críticas ao Mercosul, o que vale são as manifestações formais e que há desejo
dos dois países em fazer o bloco avançar.
“Conversamos, por exemplo, sobre a possibilidade dos
corredores bioceânicos, falamos das negociações externas do Mercosul, falamos
também sobre a ampliação e aprofundamento das decisões do Mercosul, tema em que
temos coincidência, porque queremos um Mercosul maior e melhor para beneficiar
a integração regional”, declarou o ministro.
A presidência do governo brasileiro no Mercosul vai até o
dia 7 de dezembro, três dias antes da posse de Javier Milei. O novo
presidente já defendeu a saída da Argentina do bloco econômico durante a
campanha, mas recuou da ideia e passou a defender apenas mudanças. O Mercosul
reúne também Uruguai e Paraguai.
Um dos acordos que está sendo negociado pela presidência
brasileira é com a União Europeia. Aprovado em 2019, após 20 anos de
negociações, o acordo Mercosul-UE precisa ser ratificado pelos parlamentos de
todos os países dos dois blocos para entrar em vigor. A negociação envolve 31
países.
“Eu indiquei a ela em que áreas, durante essa presidência
brasileira do Mercosul, que se encerra agora, e com que outros países e outras
regiões estamos negociando. Ela manifestou a satisfação em saber. Para mim o
que vale é isso. Nós vamos trabalhar juntos com este governo até o final do
mandato e depois com o novo governo, sabendo que há esse desejo de avançar no
Mercosul”, declarou.
Posse
Durante a reunião, Vieira recebeu o convite para que o presidente Lula participe da
posse do argentino no dia 10 de dezembro. “Não há nenhum tipo de problema, de
constrangimento, por qualquer natureza que seja. Os governos organizam as
listas de convidados, mandam e os que quiserem aceitam, os que não quiserem não
aceitam, mas também há um tratamento diferente para chefes de estado e para
convidados diretos”, disse diante da aproximação de Javier Milei e o
ex-presidente Jair Bolsonaro.
O ministro disse ainda que não teve oportunidade de repassar
o convite ao presidente Lula e que a presença dele na posse está sendo
avaliada. “O que foi dito durante a campanha é uma coisa, o que acontece
durante o governo é outra. Eu não sei qual será, como eu disse, se o presidente
poderá ir ou não. Ele estará chegando de uma longa visita ao exterior e terá a
cúpula do Mercosul no Brasil”, justificou.
Vieira reforçou os longos e fortes laços de relação
diplomática entre os dois países, os quais transcenderam governos. “O que eu
posso dizer é que existe entre o Brasil e a Argentina uma relação muito forte,
muito importante, que foi inclusive criada a partir dos entendimentos na década
de 80 entre o presidente [José] Sarney e o presidente [Raúl] Alfonsín, que
construíram toda a base dessa grande cooperação.”
Entre os setores de cooperação, ele destacou energia
nuclear, ciência e tecnologia, informática, comércio, indústria e
investimentos. “Tudo isso existe e é muito importante. O presidente Lula tem
dito que o importante é o interesse nacional e o projeto nacional”, reforçou.
Brics
Sobre a entrada da Argentina nos Brics, bloco que reúne nações em
desenvolvimento, como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o ministro
apontou que é de interesse do Brasil a entrada do país, mas que cabe ao novo
governo avaliar. “O governo argentino, na ocasião, era candidato e o Brasil
apoiou, porque é uma iniciativa de interesse do Brasil. É também uma questão de
equilíbrio da representação geográfica no Brics e, evidentemente, sendo a
Argentina um sócio importante do Brasil.”
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