sábado, 25 de novembro de 2023

Alerj (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO) começa a discutir o orçamento do governo do estado para 2024

A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) começou a discutir, nesta terça-feira (31/10/2023), a Leia Orçamentária Anual (LOA) de 2024, o Plano Plurianual (PPA) 2024-2027, e o Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado (Pedes) 2024-2031. Os textos continuarão a ser debatidos na sessão de quarta-feira (01/11/2023). Os deputados têm cinco dias para apresentar emendas, sendo que a redação final dos projetos deve ser votada no início de dezembro.

Como já anunciado, o orçamento para o próximo ano tem um déficit de R$ 8,5 bilhões, com uma receita estimada de R$ 104,5 bilhões e despesas da ordem de R$ 113 bilhões. Já os planos são ferramentas de planejamento estratégico governamental, de curto, médio e longo prazo, para direcionar as metas e ações estatais. Todas as propostas já foram aprovadas previamente pela Comissão de Orçamento.

Na ausência de deputados da base, coube a oposição criticar o governo sobre a crise financeira que o estado está enfrentando, e que pode se agravar num futuro próximo. A grande preocupação entre os parlamentares é que a LOA apresentou um déficit para 2024 maior do que o previsto anteriormente pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que apontava para um saldo negativo de R$ 3,6 bilhões.

“O servidor não pode pagar a conta. Cada vez que se aumenta o salário do funcionário, também aumenta o valor do imposto de renda retido na fonte. Então, aumentar o salário do servidor pode trazer, sim, um vigor financeiro para a administração pública. Comparando os dados de 2023 com os de 2024, nós tivemos um aumento de 12%”, comentou a deputada Martha Rocha (PDT), presidente da Comissão de Servidores Públicos da Alerj.

O governo já revelou que mais de 80% do déficit atualmente é com despesas obrigatórias e a dívida pública do governo com a União. Em agosto deste ano, segundo a Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz), a dívida consolidada do Rio somava R$ 186 bilhões.

As dívidas das empresas com o Estado do Rio foram igualmente citadas neste primeiro dia de debate. A deputada Lucinha (PSD) destacou que são mais de R$ 121 bilhões devidos aos cofres públicos. Desse valor, R$ 80 bilhões são considerados irrecuperáveis pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE). “Ano passado, foi recuperado apenas R$ 1,5 bilhão, o que corresponde a 1,26% das dívidas”, disse.

Receitas e despesas

As principais receitas da LOA são o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e os royalties e participações especiais de petróleo. Com relação ao ICMS e fundos relacionados a este imposto, a arrecadação líquida prevista é de R$ 52,5 bilhões, uma queda de 5,63% em relação a este ano. Já os royalties e participações especiais de petróleo estão previstos em R$ 26,4 bilhões, uma redução de 10,58% comparado a 2023.

Também são estimados R$ 3,1 bilhões de receitas financeiras provenientes da outorga dos serviços de saneamento da Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae). A estimativa total de renúncia fiscal é de R$ 22,7 bilhões, em 2024. Esse valor é relativo aos benefícios e incentivos fiscais concedidos pelo Estado do Rio.

O governo justifica que a queda de ICMS se deve ao impacto negativo advindo da Lei Complementar Federal 194/2022, que definiu os combustíveis, a energia elétrica, as comunicações e o transporte coletivo como bens essenciais e, portanto, reduziu as alíquotas entre 17% e 18%. Para 2024, está previsto o valor de R$ 1,62 bilhão decorrente de um acordo entre os estados e a União para compensar as perdas de arrecadação.

Com relação aos royalties e participações especiais de petróleo, o Executivo declarou que nos últimos anos houve um aumento da produção de óleo e gás no Rio, além de boas perspectivas internacionais em relação ao preço do barril de petróleo e o câmbio, o que gerou uma arrecadação recorde. No entanto, este comportamento é bastante incomum, motivo que, segundo o Executivo, requer cautela para as projeções de 2024.

Já as despesas serão divididas majoritariamente entre a Segurança Pública, com 17,8 bilhões; Saúde, com R$ 10,6 bilhões; e Educação, com R$ 9,9 bilhões. A área de Transportes tem despesa fixada em R$ 2,6 bilhões e a Assistência Social, R$ 1,1 bilhão. As despesas com Previdência Social para 2024 estão previstas em R$ 29,5 bilhões.

Alerj e Tribunal de Contas do Estado têm previsão de despesa de R$ 2,6 bilhões e o Judiciário, de R$ 8,3 bilhões. A Defensoria Pública, R$ 1,3 bilhão, e o Ministério Público, R$ 3,2 bilhões.

Déficit impacta no PPA e no Pedes

Durante a votação do parecer prévio, o deputado Luiz Paulo (PSD) foi favorável com restrições. Ele destacou que o déficit orçamentário pode afetar a execução tanto do PPA quanto do Pedes. “Se o déficit continuar, o PPA praticamente deixa de existir porque ele se baseia nos investimentos e nas políticas públicas continuadas. Quando há déficit, as primeiras coisas a serem cortadas são os investimentos. Sendo assim, o Pedes também ficaria sem condição de se desenvolver porque em um estado de crise não se paga a folha e, dessa forma, não há políticas públicas”, alertou o parlamentar.

O PPA está dividido em 37 programas. A meta financeira de utilização de recursos na Educação Superior é de 4,9 bilhões entre 2024 e 2027. Já na Educação Básica, é de R$ 5,8 bilhões. Com relação à prevenção à violência e combate à criminalidade estão previstos investimentos de R$ 2,1 bilhões. Para a redução de riscos e recuperação em desastres e emergências são previstos R$ 3,2 bilhões.

Durante a discussão, diversos deputados demonstraram preocupação com a avaliação dos investimentos regionais previstos no PPA passado e pediram mais transparência para análise das metas do plano.

“Temos que saber qual é o investimento que foi para a Zona Oeste, qual foi para a Baixada Fluminense, quais foram as metas cumpridas no Norte e no Noroeste. Isso é importantíssimo para monitorarmos as políticas públicas. Gostaria de deixar uma sugestão ao Governo, que disponibilize no site, em algum local de fácil acesso, essas metas cumpridas por região, porque isso vai permitir que as pessoas acompanhem para onde estão indo os recursos públicos”, sugeriu Vinicius Cozzolino (União Brasil), o único da base a discursar.

O Pedes foi apresentado com oito tópicos para os próximos oito anos. São elas: erradicação da extrema pobreza, segurança alimentar e nutricional da população fluminense, segurança hídrica no território fluminense, descarbonização do Estado do Rio de Janeiro, redução do impacto dos resíduos sólidos, vantagem competitiva associada à economia do conhecimento, ampliação e desconcentração territorial das oportunidades de trabalho e emprego, além das economias urbanas fortes e cidades socioambientalmente inclusivas.

Mas Luiz Paulo adiantou que vai apresentar uma emenda para incluir mais um tópico: a melhoria na Segurança Pública.

“A crítica que faço diz respeito à relevância que tem hoje, mais do que nunca, a Segurança Pública. São 1.413 comunidades dominadas pelo narco e pelas milícias. Vou emendar para colocar essa missão número nove, tendo em vista a grave crise de segurança que passa o nosso país como um todo, e em especial o Estado do Rio. Atualmente, o crime organizado, as milícias, os narcotraficantes, os lavadores de dinheiro, e até mesmo o crime desorganizado, com os furtos e assaltos, atuam de forma crescente e impedem o nosso desenvolvimento e a paz social”, concluiu


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