União Brasil e PP voltaram a discutir a
formação de uma federação partidária depois da possibilidade de acordo ter
pedido força no começo deste ano por questões regionais. Segundo líderes
das duas legendas, a possibilidade de aliança ganhou corpo dentro de ambos os
partidos.
Caso seja sacramentada, a federação teria a maior bancada
na Câmara dos Deputados, com 109 parlamentares (ultrapassando o PL,
hoje com 97) e alcançaria a marca de 13 senadores.
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o PP indicou
à União Brasil que poderá apoiar a candidatura do senador Davi Alcolumbre
(AP) à presidência do Senado em 2025 como parte da costura da aliança.
Esse movimento diminuiu a resistência de Alcolumbre à federação, segundo esses
interlocutores.
O tamanho da federação também poderia favorecer a provável
candidatura de Elmar Nascimento, líder da União Brasil na Câmara, para
suceder Arthur Lira (PP-AL) no comando da Casa.
O problema, apontam parlamentares, é que haverá resistência
na Câmara e no Senado com a possibilidade de ambas as Casas
Legislativas serem presididas por integrantes de um mesmo partido.
As conversas, que ainda estão em estágio inicial, ocorrem
num momento em que a União Brasil enfrenta desgaste interno com
críticas de parlamentares ao presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE).
O partido foi criado em fevereiro de 2022 com a fusão
do PSL e do DEM e, desde então, coleciona intrigas internas. As disputas
colocam de um lado um grupo ligado ao secretário-geral do partido, o
ex-prefeito de Salvador ACM Neto, e de outro Bivar, que estaria enfraquecido e
isolado, segundo integrantes da legenda.
No início do mês, foi acertado que haveria uma reunião da
executiva para deliberar questões internas, mas Bivar alegou motivo de força
maior para adiar o encontro. Diante dessa decisão, membros da União Brasil
pressionaram e marcaram uma nova reunião da executiva para segunda-feira (20).
No encontro, foi aprovada alteração no estatuto partidário
que permite a antecipação da convenção nacional da União Brasil de maio para o
dia 29 de fevereiro — na data, será realizada a eleição para escolher o
sucessor de Bivar. O deputado, por sua vez, permanecerá no cargo até o fim de
seu mandato, em maio.
A tendência é que o advogado Antonio Rueda, vice de Bivar,
seja escolhido o novo presidente num acordo estabelecido com a ala do antigo
DEM.
Membros dos partidos citam que a possibilidade de Rueda
assumir como presidente da União Brasil favorece a formação da aliança com o
PP. Isso porque ele é próximo do presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI).
Eles também reforçam que esse tipo de diálogo é constante,
uma vez que uma federação impacta nas eleições, assim como no dia a dia do
Legislativo. Também há uma avaliação de que, com o passar do tempo, a tendência
é que diminua a quantidade de partidos políticos, com a criação de federações e
até mesmo fusões. As cúpulas de PP e Republicanos também estavam em conversas
para formar uma federação.
Nas federações partidárias, as legendas que se
associam são obrigadas a atuar de forma unida ao menos nos quatro anos
seguintes às eleições, nos níveis federal, estadual e municipal. O não
cumprimento dessa regra pode gerar punições.
A aliança entre PP e União Brasil também seria estratégica
para aumentar o poder das legendas no Congresso, com a discussão sobre as
comissões e distribuição de relatorias de projetos importantes, por exemplo,
além da relação com o governo federal.
Juntos, PP e União Brasil têm quatro representantes na
Esplanada: Juscelino Filho (Comunicações), Waldez
Góes (Desenvolvimento Regional), Celso Sabino (Turismo)
e André Fufuca (Esportes).
Góes é licenciado do PDT, mas foi uma indicação de
Alcolumbre para a Esplanada. Além disso, o atual presidente da Caixa Econômica
Federal, o economista Carlos Antônio Vieira Fernandes, é indicado de Lira.
No começo do ano, uma tentativa de federação entre as duas
siglas fracassou por impasses regionais. Naquele momento, havia problemas
com disputas sobre o comando de diretórios em pelo menos sete estados, além da
possibilidade do Avante integrar a federação, o que acabou não se
concretizando.
Membros da União Brasil dizem que hoje as conversas ainda
estão em estágio preliminar e que no primeiro momento é preciso costurar as
divergências internas do partido, antes de pensar em federações.
Lira se esquivou de comentar sobre a possível aliança e
disse que esse é um “assunto de presidentes de partidos”.
Ciro Nogueira está engajado no objetivo de formar uma
federação, seja com Republicanos, seja com União Brasil.
Para o presidente do PP, o importante é fazer a junção ao
menos antes das eleições de 2026. O cálculo de presidentes de partidos é que
hoje é gasto um volume muito grande de dinheiro com candidaturas frágeis. Ao
formar federações, eles dizem que esse problema seria minimizado.
Com informações da Folha de S. Paulo.
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