Durante uma hora e quinze minutos, aquele que já foi o sétimo homem mais rico do planeta fez declarações em tom de desabafo, críticas a quem o condenou publicamente e revelações sobre o futuro no mundo dos negócios. “I´m back (‘estou de volta’). Estou começando de novo”, avisou.
Como tem acontecido desde a estreia do talk show, no começo de maio, Mariana Godoy comandou a conversa com leveza, bom humor e interesse genuíno pelo entrevistado.
Ainda que às vezes Eike tenha sido bastante técnico, apresentando informações empresariais difíceis de serem assimiladas pelo cidadão comum, a apresentadora soube traduzir o necessário para o público e deixou o papo intimista.
Espirituoso, Eike Batista perdeu bilhões, mas não perdeu a ironia e a autocrítica.
“Eu fracassei. Perdemos juntos. O maior perdedor dessa história fui eu”, ao ser questionado sobre os pequenos investidores que aplicaram as economias em ações de sua companhia posteriormente desvalorizadas.
“Na segunda-feira (dia 1) eu paguei a última dívida que eu tinha com o BNDES”, rebatendo o boato de que ainda deve 10,2 bilhões de reais ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
“O BNDES ganhou comigo. Vai lá no balanço. (…) Não deixem os desinformados desinformá-los”, sobre a acusação de ter provocado prejuízo bilionário ao BNDES.
“A vocês contribuintes, I´m sorry (‘sinto muito’), eu não devo nada”, reiterando não ter dívidas de empréstimos feitos com dinheiro público.
“Eike Batista zerou a dívida. Eu agora tenho algum patrimônio pra começar”, colocando-se mais uma vez livre de pendências financeiras.
Se fizeram comigo, imagina o que fazem com o resto dos brasileiros”, sobre o juiz que usou seu Porsche Cayenne durante o período no qual o veículo de luxo esteve sob a guarda da justiça.
“Foi comprado no free shop de São Petersburgo, mas é muito valioso”, em relação à réplica de Ovo Fabergé (joia rara e cara da época dos czares russos) apreendida pela Polícia Federal em sua mansão. Noticiou-se que a peça valeria alguns milhões de dólares. Mas, de acordo com a perícia, o souvenir vale apenas 69 dólares, cerca de 220 reais.
“Eu vou lhe dar o diploma de idiota”, contando como seu pai, o ex-presidente da Vale do Rio Doce e ex-ministro de Minas e Energia, Eliezer Batista, reagiu ao saber que ele havia abandonado a faculdade de Engenharia Metalúrgica.
“Olha, eu não gosto de fazer puxadinho. Puxadinho me irrita profundamente. O Brasil tem muito isso. Tudo o que se constrói dura um ano. O Brasil tem que se desenhar nisso. (…) Esse conceito de fazer do zero, fazer certo, para durar duzentos anos ou mais, são os projetos que eu faço, que não são ‘Power Points’”, ao criticar a qualidade dos grandes projetos realizados no país e, ao mesmo tempo, debochando dos rumores de que a maioria de suas ideias não sai do papel.
“Ainda não morri, hein”, rebatendo o repórter Mauro Tagliaferri, que descreveu o Porto do Açu, construído por Eike no litoral do estado do Rio, como parte do ‘legado’ do empresário.
“Agora que os Estados Unidos tiraram o embargo, Cuba vai bombar”, quando o assunto foi o Porto de Mariel, a 40 km de Havana, construído com dinheiro brasileiro via BNDES.
“Sem ofender ninguém, Mariel é um puxadinho se comparado ao Açu”, fazendo uma comparação entre o porto cubano e o brasileiro.
“Todo empresário tem que enxergar o futuro e ser otimista. O pessimista não faz nada, fica em casa vendo um seriado qualquer”, ao descrever seu ânimo com novos projetos.
“A produtividade do pré-sal é uma benção de Deus”, comentando as oportunidades na área de petróleo.
“Sinto sim, sinto”, afirmando se sentir injustiçado pelo julgamento negativo da maior parcela do público.
“Daqui eu não saio, não”, em resposta à pergunta se deixaria o Brasil para morar com mais tranquilidade em Miami, como fizeram muitos brasileiros.
“Não é vergonha você fracassar. Vergonha é você não negociar de peito aberto”, em defesa das negociações que fez para saldar dívidas.
“Devia ter um santinho meu na casa deles, pra todo dia darem um beijinho nesse santinho que deixou tanta riqueza pra eles”, ao manifestar desconforto com as críticas dos executivos que trabalharam em sua companhia, onde ganharam bônus milionários.
“Quem sabe? I don´t know (‘eu não sei’). Pode ser”, sobre ser candidato a cargo eletivo.
Você acha que a corrupção que havia na Petrobras prejudicou seu negócio?, questionou a apresentadora Mariana Godoy. “Eu diria que sim”, respondeu o empresário.
“Não, não, não! Não me compara com ele, não. Escolhe outro”, recusando comparação com o magnata norte-americano Donald Trump, conhecido pelo topete rebelde e a diversidade dos negócios.
“Eu contribuo para que a conta (de energia) de vocês não seja tão alta”, ao afirmar que suas empresas produzem energia a gás bem mais barata do que a energia procedente das termelétricas a diesel do governo.
“Quando você sabe que fez a coisa certa, vá em frente. Se Deus me tirou toda riqueza, o que importa é o legado que vai ficar”, ao afirmar que não acredita ter decepcionado o pai, Eliezer Batista.
“Um pintor que pinta um quadro bacana, eventualmente sabe pintar dois ou três. Deixa eu continuar pintando”, sobre recuperar a confiança em seus projetos empresariais.
“Ninguém no mundo criou uma riqueza tão rápida (como eu). Foi a riqueza mais louca em velocidade, a mais rápida em queda. Mas também fui o mais rápido em zerar a dívida”, concluiu Eike Batista.
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