Doença descoberta há quase 35 anos, a Aids passa hoje por um processo de ‘interiorização’ no Estado do Rio. Os casos estão crescendo em municípios das regiões Norte e Noroeste fluminense, ao contrário do que ocorre na Região Metropolitana, onde a tendência é de queda. Outro dado preocupa em relação ao panorama do vírus HIV no estado: quase um terço dos pacientes é diagnosticado já em estágio avançado.
Os dados
são do último balanço da Secretaria Estadual de Saúde (SES). De acordo com o
superintendente da Vigilância Epidemiológica e Ambiental da SES, Alexandre
Chieppe, o fenômeno pode ser justificado pelo comportamento da Aids. Ele
explica que a epidemia começou nas grandes cidades, e a tendência — observada
inclusive em outros estados do país — é de que ‘migre’ para outros municípios.
“Percebemos
que a taxa de incidência da Aids tende a crescer em municípios do interior, ao
contrário da Região Metropolitana, onde a epidemia é mais antiga”.
De acordo
com a secretaria, 27,46% dos pacientes no estado obtiveram o diagnóstico
tardiamente, quando já há comprometimento do sistema imunológico. A região
noroeste apresentou a maior taxa de detecção atrasada (50%), seguida pela
região Centro-Sul (42,31%).
Chieppe
reconhece que o diagnóstico ainda não acontece no tempo apropriado e que isso
influencia na taxa de mortalidade da Aids. Dados mostram que o número de mortes
pela doença não caem, apesar do avanço nos tratamentos. Em 2012, foram 1.778
mortes no estado, contra 1.664 em 2000.
Segundo o
superintendente, há muitos casos em que a testagem só é feita quando a pessoa
já apresenta sintomas, como problemas no sistema imunológico, e procura o
hospital. “Ainda há muito estigma e preconceito em torno da Aids, por isso
muitas pessoas relutam em fazer o teste”, aponta, acrescentando que, em alguns
casos, o paciente não percebe que se expôs ao risco de contração do HIV e, por
isso, não procura o teste.
Coquetel
também é prevenção.
Para
reduzir o risco de infecção pelo HIV, a Secretaria Estadual de Saúde vem
orientando profissionais de todos os municípios sobre a PEP sexual (profilaxia
pós-exposição sexual). A técnica consiste no uso de medicamentos (coquetel
anti-HIV) até 72 horas em situações específicas: falha ou rompimento do
preservativo, ou o não uso do mesmo. O paciente só tem acesso ao coquetel após
uma avaliação profissional.
Na rede
municipal de saúde, os testes para diagnóstico são feitos em todas as Clínicas
da Família e nos Centros Municipais de Saúde.
Sífilis é
muito preocupante
Este mês,
foi lançado o Boletim Epidemiológico e Ambiental, com o panorama de 15 doenças,
além da cobertura vacinal no Estado do Rio. De acordo com o material, os casos
de sífilis em gestantes e congênita subiram. Em 2009, a taxa de incidência era
de cinco casos a cada mil gestantes. Já em 2013, o estado registrou 15 a cada
mil. No mesmo período, o índice de bebês que nasceram com a doença subiu de
seis por mil para 12 por mil. Em relação ao mal em bebês, o estado tem a maior
taxa nacional.
Outra
doença que mantém altos níveis é a tuberculose, com 68 casos a cada cem mil
pessoas. O índice é quase o dobro da taxa nacional (35 por cem mil).
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