quarta-feira, 7 de outubro de 2015

"Seu filho ainda não consegue ler, escrever ou interpretar frases ou textos? Fique atento, ele pode ser DISLÉXICO."

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Andressa Amaral
Neuropsicopedagoga

                  Muitos tem sido os problemas enfrentados por pais e educadores, em relação a crianças em fase de alfabetização, no que diz respeito ao processo de leitura, visto que inúmeras são as crianças que encontram muitas dificuldades neste momento por não conseguirem ler, escrever, decodificar fonemas e grafemas.
                   Porém, este problema vai além do simples fato de uma criança ler e escrever ou não.  Tal questão traz inúmeras implicações para a vida desta criança no decorrer de sua vida escolar, dentre as quais podemos enfatizar: estigmas por ser uma criança que está sempre em atraso em relação aos colegas, autoestima comprometida, vez que este aprendiz deixa de acreditar em si próprio, além do próprio descrédito que este sofre em seu seio familiar, quando em larga escala, pelo desconhecimento das possíveis causas do problema, os pais acham que a criança é desinteressada, preguiçosa e acaba gerando outros problemas associados.
                  O fato é que estudos já comprovam que este problema tem nome: dislexia, que hoje já se sabe que é um transtorno genético e hereditário que compromete diversos níveis de linguagem no indivíduo.  Por ser uma dificuldade específica de linguagem, que gera dificuldades específicas como: soletração, leitura, escrita, trocas fonéticas, dificuldades em cálculos e lógica matemática, esta geralmente ganha significativa relevância quando a criança está na fase de alfabetização, pois é neste momento que a escola passa a detectar que algo diferente está acontecendo com esta, em relação às outras crianças.
                  O grande problema é que ainda vivemos uma realidade em nosso sistema educacional, de profissionais que ainda desconhecem o problema e suas possíveis causas, e por vezes, atribuem essas dificuldades apresentadas pela criança, à falta de interesse, descomprometimento, e em larga escala, estigmatizam essas crianças, principalmente em uso de termos inadequados como: “seus amigos já conseguem, você não quer nada, não é possível que ainda não consiga identificar estes sons…”, e o maior problema é que estes estigmas refletem também no seio familiar ao passo que os pais recebem da escola e informação de que a criança não quer, não busca, não aprende!!!
                   É preciso que pais e educadores fiquem muito atentos, ao indicarem uma dificuldade específica de linguagem em uma criança, pois a questão pode ir além do interesse.  A criança disléxica, por mais que queira, não consegue estabelecer a associação grafema e fonema, e consequentemente não conseguem estabelecer as conexões linguísticas necessárias aos processos de leitura e escrita, por isso a importância de um olhar diferenciado.
Muito importante também é ressaltar que a dislexia manifesta-se em vários níveis e formas: ela pode estar no campo da leitura, da escrita, também conhecida como disgrafia, ou ainda na construção lógica da matemática o que infere-se o subtipo: discalculia.  Contudo, é importante observar que alguns sintomas são característicos e possíveis indicadores de crianças disléxicas:

· Trocas fonéticas
· Leitura silabada
· Junção: “A lua está entre as nuvens” por “Alua está entreas nuvens”.
· Quando a incompreensão na leitura ultrapassa a fase de alfabetização
· Acréscimo de letras ou sílabas: “Estranho” por “estrainho”;
· Omissão: “Chuva forte” por “chuva fote”;
· Substituição: “todos” por “totos”;
· Troca, omite ou inverte as letras durante a leitura, dentre outros.

                     Vale ressaltar que a dislexia é um problema que ainda não tem cura, mas possui tratamento e acompanhamento direcionado.  Nestes casos o trabalho de reforço nos campos de consciência fonológica, compreensão e produção textual, para que esta criança consiga de fato evoluir em sua vida acadêmica.
                     Para isso, é muito importante que haja um diagnóstico precoce, vez que o avançar da idade prejudica a eficácia do tratamento, além da importância deste trabalho ser realizado por uma equipe multidisciplinar composta por: pedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos e psicopedagogos de modo que a criança consiga evoluir em suas dificuldades e superar estas barreiras em seu processo de alfabetização.

                     De extrema importância é entender que nem toda troca fonética ou de letras no processo de alfabetização podem ser consideradas dislexia, por isso, muito importante que os profissionais envolvidos neste processo conheçam de fato a questão para chegarem aos melhores resultados das crianças em questão.

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