Andressa Amaral
Neuropsicopedagoga
Muitos tem sido os problemas enfrentados por pais e
educadores, em relação a crianças em fase de alfabetização, no que diz respeito
ao processo de leitura, visto que inúmeras são as crianças que encontram muitas
dificuldades neste momento por não conseguirem ler, escrever, decodificar
fonemas e grafemas.
Porém, este problema vai além do simples fato de uma
criança ler e escrever ou não. Tal questão traz inúmeras implicações
para a vida desta criança no decorrer de sua vida escolar, dentre as quais
podemos enfatizar: estigmas por ser uma criança que está sempre em atraso em
relação aos colegas, autoestima comprometida, vez que este aprendiz deixa de
acreditar em si próprio, além do próprio descrédito que este sofre em seu seio
familiar, quando em larga escala, pelo desconhecimento das possíveis causas do
problema, os pais acham que a criança é desinteressada, preguiçosa e acaba
gerando outros problemas associados.
O fato é que estudos já comprovam que este problema tem
nome: dislexia, que hoje já se sabe que é um transtorno
genético e hereditário que compromete diversos níveis de linguagem no
indivíduo. Por ser uma dificuldade específica de linguagem, que gera
dificuldades específicas como: soletração, leitura, escrita, trocas fonéticas,
dificuldades em cálculos e lógica matemática, esta geralmente ganha
significativa relevância quando a criança está na fase de alfabetização, pois é
neste momento que a escola passa a detectar que algo diferente está acontecendo
com esta, em relação às outras crianças.
O grande problema é que ainda vivemos uma realidade em
nosso sistema educacional, de profissionais que ainda desconhecem o problema e
suas possíveis causas, e por vezes, atribuem essas dificuldades apresentadas
pela criança, à falta de interesse, descomprometimento, e em larga escala,
estigmatizam essas crianças, principalmente em uso de termos inadequados como:
“seus amigos já conseguem, você não quer nada, não é possível que ainda não
consiga identificar estes sons…”, e o maior problema é que estes estigmas
refletem também no seio familiar ao passo que os pais recebem da escola e
informação de que a criança não quer, não busca, não aprende!!!
É preciso que pais e educadores fiquem muito atentos, ao
indicarem uma dificuldade específica de linguagem em uma criança, pois a
questão pode ir além do interesse. A criança disléxica, por mais que
queira, não consegue estabelecer a associação grafema e fonema, e
consequentemente não conseguem estabelecer as conexões linguísticas necessárias
aos processos de leitura e escrita, por isso a importância de um olhar
diferenciado.
Muito importante também é ressaltar que a dislexia
manifesta-se em vários níveis e formas: ela pode estar no campo da leitura, da
escrita, também conhecida como disgrafia, ou ainda na construção lógica da
matemática o que infere-se o subtipo: discalculia. Contudo, é
importante observar que alguns sintomas são característicos e possíveis
indicadores de crianças disléxicas:
· Trocas fonéticas
· Leitura silabada
· Junção: “A lua está entre as nuvens” por “Alua está
entreas nuvens”.
· Quando a incompreensão na leitura ultrapassa a fase de
alfabetização
· Acréscimo de letras ou sílabas: “Estranho” por
“estrainho”;
· Omissão: “Chuva forte” por “chuva fote”;
· Substituição: “todos” por “totos”;
· Troca, omite ou inverte as letras durante a leitura,
dentre outros.
Vale ressaltar que a dislexia é um problema que ainda não tem cura, mas possui tratamento e acompanhamento direcionado. Nestes casos o trabalho de reforço nos campos de consciência fonológica, compreensão e produção textual, para que esta criança consiga de fato evoluir em sua vida acadêmica.
Para isso, é muito importante que haja um diagnóstico
precoce, vez que o avançar da idade prejudica a eficácia do tratamento, além da
importância deste trabalho ser realizado por uma equipe multidisciplinar
composta por: pedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos e psicopedagogos de modo
que a criança consiga evoluir em suas dificuldades e superar estas barreiras em
seu processo de alfabetização.
De extrema importância é entender que nem toda troca
fonética ou de letras no processo de alfabetização podem ser consideradas
dislexia, por isso, muito importante que os profissionais envolvidos neste
processo conheçam de fato a questão para chegarem aos melhores resultados das
crianças em questão.
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