De
acordo com o estudo, o risco de AVC permanece 66% maior em pessoas que tiveram
depressão prolongada por mais de dois anos, mesmo após receberem tratamento.(Hemera
Technologies/Thinkstock/VEJA)
Quem tem depressão já precisa lidar com os graves sintomas
do transtorno como tristeza, distúrbios do sono e falta de energia. Uma nova
pesquisa, publicada pela revista científica Journal of the American
Heart Association, traz mais uma notícia ruim: pessoas deprimidas
correm um risco maior de sofrer acidente vascular cerebral (AVC).
O estudo, liderado por pesquisadores da Universidade de
Harvard, analisou dados de 16.000 adultos com mais de 50 anos. Durante dois
anos, os participantes responderam questões sobre seu histórico médico, fatores
de risco cardiovascular e sintomas de depressão. O acompanhamento foi feito por
nove anos.
Segundo os resultados, aqueles que relataram três ou mais
sintomas de depressão, por quatro anos consecutivos, tiveram um risco 114%
maior de sofrer um derrame, em comparação com pessoas que nunca tiveram o
distúrbio. O risco permanecia 66% maior mesmo entre os pacientes que haviam
recebido tratamento.
Ainda não está claro como depressão prolongada pode levar ao
AVC, mas acredita-se que o risco elevado esteja relacionado aos hábitos pouco
saudáveis como fumo, consumo excessivo de álcool e falta de exercício --
geralmente comuns em quem tem a doença. Além disso, a depressão também pode
provocar alterações biológicas no organismo, como o aumento da resposta
inflamatória. Estudos anteriores já associaram a depressão com um risco maior
de diabetes tipo 2 e morte cardiovascular.
De acordo com
o estudo, a depressão demora mais de dois anos até influenciar o aumento de
risco. "Os resultados sugerem que os sintomas depressivos merecem atenção
imediata logo que começam a aparecer. É importante que os pacientes sejam
tratados de forma precoce, antes que a doença seja capaz de aumentar o risco de
acidente vascular cerebral", disse Paola Gilsanz, principal autora do
estudo.
O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais
causas de morte ao redor do mundo e ocorre quando há interrupção do fluxo
sanguíneo para o cérebro. O problema normalmente acontece porque um vaso
sanguíneo estoura ou fica bloqueado por um coágulo, privando o cérebro de
oxigênio e prejudicando o tecido.
Embora menos letal, a depressão é um distúrbio que afeta
cerca de 350 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a Organização Mundial
da Saúde (OMS). Mais da metade dos doentes não recebe tratamento porque não
recebe o diagnóstico correto.
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