quarta-feira, 14 de outubro de 2015

"Mudança de tática. Após anos de queda de braço, Google decide por um caminho de colaboração com a mídia tradicional!"


               As empresas tradicionais de mídia enfrentam enormes desafios em relação às plataformas digitais, como o Google e o Facebook. As duas redes, ao mesmo tempo em que direcionam leitores, acabam utilizando-se do material criado pelas publicações, sem remunerá-las. Essa situação gera inúmeros conflitos, com cada um dos lados defendendo seu ponto de vista. As empresas jornalísticas que optam por sair do Google, por exemplo, perdem acesso a 10 bilhões de usuários, que seriam redirecionados mensalmente aos seus sites.
               O buscador americano, por sua vez, fica sem conteúdo de qualidade para indexar. Ganhar essa disputa no braço de ferro com os meios de comunicação do papel, no entanto, parece estar deixando de ser o caminho tomado pelo Google.
               A empresa fez uma declaração que chegou a soar como uma espécie de mea culpa. “Nossa relação com a mídia sempre foi turbulenta e mal interpretada”, afirmou Carlo D'Asaro Biondo, presidente de parcerias estratégicas do Google, durante a conferência europeia FT Media, em Londres. “Assumimos que erramos em algumas de nossas posturas.” A fim de tornar a relação mais saudável, a empresa fundada pela dupla Larry Page e Sergey Brin anunciou a criação de um fundo para a mídia européia, um dos bastiões de resistência à sua expansão – no fim do ano passado, sua ferramenta de notícias, o Google News, foi obrigada a sair do ar pela Justiça espanhola.
               A gigante do Vale do Silício vai direcionar, ao longo de três anos, cerca de US$ 170 milhões para bancar investimentos das publicações em inovação em conteúdo digital. “Apostar na internet é um risco”, disse D'Asaro Biondo. “Vamos ajudar tomando parte deste risco para nós.” Num primeiro momento, o discurso leva a crer que, a partir de agora, o tom da relação será de colaboração e que a mudança de tática veio para ficar.
                Jornais de renome, como o britânico The Guardian, o alemão Die Zeit, o francês Les Echos, o italiano La Stampa, o espanhol El Pais e o holandês NRC Media já aceitaram a ajuda e estão participando do programa de financiamento para novas mídias. “Admiramos o jornalismo de qualidade e queremos torná-lo mais forte”, diz Biondo. “Não temos nenhuma intenção de produzir notícias dentro do Google, mas queremos ajudar a gerá-las.”

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