quarta-feira, 12 de agosto de 2015

"Cúpula do PT já admite que reconhecer erros do partido é a única saída!"



         Em busca de uma saída para o labirinto de denúncias, desacertos e paralisia que assombra o PT, cresce dentro da cúpula do partido a tese de que é preciso admitir que a legenda cometeu erros e reconhecer, inclusive, que desvios éticos e morais foram praticados por companheiros importantes, como José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil de Lula. Embora a ideia do mea-culpa não conte com o apoio unânime dos petistas, tampouco está concentrada em personagens isolados. A estratégia é vista por gente da cúpula do PT como condição de sobrevivência do partido.
          Um ministro petista diz que não é possível ignorar a inteligência dos militantes e da população sobre o que vem sendo revelado nas investigações de corrupção ocorridas na Petrobras e que levaram Dirceu à prisão pela segunda vez. O ex-tesoureiro do partido João Vaccari também foi preso pela Lava-Jato. E, na era Lula, o então tesoureiro Delúbio Soares e o ex-presidente do partido José Genoino, assim como Dirceu, sucumbiram sob o mensalão.
           Estamos com o ex-ministro da Casa Civil preso, o ex-tesoureiro do partido preso. Já tivemos outro tesoureiro preso. Se não fizermos autocrítica, não vamos conseguir reconstruir o PT — afirma.
Segundo esse ministro, isso deveria ser o principal foco do partido neste momento. A visão não tem apoio do presidente do PT, Rui Falcão, que seria refratário devido aos efeitos da admissão de responsabilidade sobre os malfeitos cometidos no passado recente por alguns integrantes ilustres da legenda. Um petista histórico diz que os companheiros de partido vivem um misto de medo, decepção e irritação. A curto prazo, os desdobramentos da Lava-Jato e a manifestação de 16 de agosto são alguns fantasmas que os assombram.
            A prisão de Dirceu por suspeita de enriquecimento pessoal e ilícito levou boa parte das forças e da confiança que os petistas tinham nos seus correligionários. Trouxe ainda decepção para os que ainda acreditavam no discurso de que a investigação estava sendo turbinada por forças que nutrem ódio histórico contra o partido, como a “mídia golpista”, tão falada em discursos inflamados de Lula.
             Eu me arrependo de não ter gritado: “Zé, não pode misturar o público com o privado. Não pode se locupletar” — disse um petista.

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