O Ministério Público Federal (MPF) se opôs,
no Superior Tribunal de Justiça (STJ), aos recursos especiais do estaleiro OSX
e do Porto do Açu Operações, responsáveis pelo complexo logístico portuário em
construção em São João da Barra, no Norte fluminense. O MPF/RJ processou o
grupo empresarial EBX para paralisar as obras por salinizarem o Canal de
Quitingunte com danos ao meio ambiente e ao consumo humano. As empresas
questionaram a decisão judicial que considerou como área atingida todo o 5º
distrito (Pipeiras), como quis o MPF (o juiz em Campos considerou inicialmente
apenas os danos comprovados ao canal).
A Procuradoria Regional da
República da 2ª Região (PRR2) argumentou, em suas manifestações (contrarrazões
aos agravos), que a delimitação da área pelo juiz de primeira instância
representa risco de graves danos de difícil reparação ao meio ambiente. A partir
de um inquérito civil antes restrito aos danos no canal, o MPF avaliou que a
salinização pode alcançar áreas do solo, de águas doces em canais e lagoas e
águas tratadas para a rede de abastecimento em toda a região.
“Considerar os eventuais efeitos
da salinização do canal só em relação ao abastecimento humano de água, como na
decisão inicial, desprezaria as áreas de solo e recursos hídricos de águas
doces de canais e lagoas, também possivelmente atingidos”, afirma o procurador
regional da República Luiz Mendes Simões, autor das manifestações ao STJ, que
rebateu o argumento da defesa de que a ação deveria se restringir ao canal por
ele ter sido o objeto inicial do inquérito civil. “Se o inquérito civil é
desnecessário para propor a ação civil pública, não há que se falar, nem
raciocinar, em qualquer restrição da ação civil pública ao objeto do inquérito
civil.”
Na ação contra as empresas do
grupo EBX e os institutos ambientais IBAMA e INEA, o MPF levou em consideração
pesquisas da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) quedetectaram um
índice de salinidade sete vezes maior ao permitido para o consumo na água
fornecida à região pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). Oaumento
da salinidade no solo e em águas doces destrói a vegetação, inutiliza o solo
para plantio e torna impróprias ao consumo as águas dos mananciais, entre
outros danos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário