sexta-feira, 13 de novembro de 2015

"Desemprego aumenta, mas gasto com seguro diminui. O Brasil ganhou 2,1 milhões de novos desempregados nos últimos 12 meses!"


                   A mudança nas regras de concessão do seguro-desemprego e a decisão das empresas de ajustar seu quadro de pessoal pelo congelamento de novas contratações criaram uma situação aparentemente contraditória. O Brasil ganhou 2,1 milhões de novos desempregados nos últimos 12 meses, mas o número de beneficiários do seguro-desemprego caiu 13% no quadrimestre encerrado em agosto. A queda permitiu, inclusive, uma economia real nos gastos com essa despesa, como previsto nas medidas do ajuste fiscal.
                  A mudança recente nas regras de acesso ao seguro, que elevou o período mínimo de serviço dos novos requerentes de seis para 12 meses, explica em parte o cenário. Outra explicação está na própria dinâmica da recessão. Nos últimos 12 meses, as empresas fecharam 1,3 milhão de novos postos de trabalho com carteira assinada, mas essa queda ocorreu principalmente pela redução das novas admissões, e não pelo crescimento dos desligamentos.                     Nos 12 meses encerrados em setembro, as empresas desligaram 900 mil pessoas a menos do que nos 12 meses anteriores, mas deixaram de fazer 2,7 milhões de contratações.
                Eduardo Zylberstajn, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), diz que é típico dos momentos de crise que o ajuste do mercado de trabalho se faça pela não reposição de vagas. Gabriel Ulyssea, da PUC-RJ, acrescenta que a desaceleração da atividade diminui a taxa de rotatividade, o que alivia a pressão sobre as emissões de seguro-desemprego.
                As consultorias de recursos humanos identificaram o congelamento de vagas como uma estratégia das empresas nesse momento de crise. Uma pesquisa da consultoria ManpowerGroup Brasil mostrou que apenas 9% dos empregadores, em um universo de 850 executivos de recursos humanos no país, pretendiam fazer contratações no último trimestre deste ano, enquanto 65% declararam que manteriam estável seu quadro de pessoal.
                Para os economistas, apesar da perspectiva de aumento da taxa de desemprego – no país todo já são 8,8 milhões de desocupados -, as despesas com o seguro tendem a diminuir ainda mais porque a redução do emprego com carteira assinada diminui o total de trabalhadores que podem ter acesso ao benefício.

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