Variante Delta e baixa adesão às medidas de prevenção motivam alta
Um estudo publicado por pesquisadores do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta que a cidade do Rio de Janeiro vive uma nova tendência de aumento de casos da doença, com um cenário de alta circulação do vírus, predomínio da variante Delta e baixa adesão às medidas de prevenção.
Os pesquisadores publicaram a análise em uma nota técnica, que esmiúça a série histórica da pandemia na cidade. Os dados mostram que a capital fluminense apresenta neste momento uma tendência contrária à do conjunto do país, que tem queda nos números absolutos de casos.
"A atual pandemia da covid-19 se apresenta, até o momento, como o maior desafio sanitário deste século. Ainda é cedo para garantir que a queda observada pelo Brasil para casos e óbitos seja sustentada. A situação do município do Rio de Janeiro serve de alerta para o fato de que a pandemia ainda está longe de ser considerada controlada", diz a nota técnica.
Apesar do aumento de casos, o cenário é de queda nas mortes, o que a nota técnica atribuiu à proteção das vacinas. Mesmo assim, o texto avalia que a cobertura vacinal ainda é incipiente e projeta que, se esse crescimento de casos não for contido e não houver preparo do sistema de saúde, um novo crescimento das mortes é previsível.
"O aumento dos casos é o indicador mais sensível, muitas vezes o prenúncio do aumento de outros indicadores, como hospitalizações, taxa de ocupação de leitos e óbitos. Qualquer decisão de redução de restrições sobre a circulação de pessoas deve ser tomada a partir de uma tendência de queda de indicadores de forma sustentada no tempo. O momento é, portanto, de alerta".
O estudo considera que foi acertada a decisão da prefeitura de adiar por tempo indeterminado o plano de retomada das atividades que chegou a ser anunciado para começar em setembro. "Os resultados indicam que é muito cedo para tomar decisões radicais sobre o retorno às atividades pré-bloqueio envolvendo grupos potencialmente grandes de pessoas".
Os pesquisadores defendem que haja uma gestão regionalizada e pactuada da pandemia em toda a região metropolitana, uma vez que há grande circulação de pessoas entre as cidades, e a capital funciona como polo de saúde que atende aos municípios do entorno. "Podemos dizer que o esforço isolado do município do Rio de Janeiro pode não resultar nos efeitos esperados para a redução das taxas de ocupação de leitos, bem como para reduzir a circulação do vírus".
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