Em reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos
Royalties e Participações Especiais, da (Alerj), o procurador estadual Paulo
Enrique Mainier revelou que a Petrobras é a instituição que mais deve ao
Governo do Estado com passivos já inscritos na Dívida Ativa. O montante chega a
R$ 9,5 bilhões somente em obrigações de ICMS. A estatal que deveria ser
exemplo de retidão e transparência na relação com o Governo do Rio, base de
suas operações, negligencia, refuga e judicializa boa parte de seus débitos,
alguns incontroversos.
De acordo com o coordenador do Tribunal de Contas do Estado
(TCE-RJ), André Cirne de Paula, dentre os 10 maiores devedores do estado
inscritos em Dívida Ativa, cinco são empresas petroleiras. Para o presidente da
CPI, deputado Luiz Paulo (Cidadania), o comportamento das empresas não
contribui para o fim dos litígios.
“É inadmissível que as empresas petroleiras se utilizem
seguidamente do poder Judiciário para simplesmente não pagarem suas dívidas,
mesmo nos casos em que não há mais hipótese de ganharem em tribunais
superiores. É um comportamento de devedor contumaz. Por que ficar em demanda
judicial naquilo que não vão vencer?”, indagou Luiz Paulo.
Representante do Ministério Público Estadual (MPE-RJ), a
promotora Karine Cuesta chamou a atenção para a necessidade de leis mais
eficazes para sancionar as empresas. “Existe a necessidade de aperfeiçoarmos os
instrumentos normativos; temos dificuldade em conceituar o devedor contumaz. Só
assim teremos sanções com alguma eficácia. Seria um desestímulo ao abuso de correr
sempre ao poder Judiciário. Com lacunas, a possibilidade de ir ao Judiciário
fica maior”, comentou.
Gerente-geral de Representação e Negociação Externas em
Matéria Tributária da Petrobras, Cristiano Gadelha disse que a Petrobras está
aberta ao diálogo. “De ICMS propriamente dito, excluídos os encargos, temos
algo em torno de R$ 2 bilhões. Nossas demandas têm fundamento e todos os
valores estão depositados judicialmente. A lei permite que o Estado movimente
70% deste valor. Temos o hábito de sentar com o poder Executivo para discutir
contingências, e estamos abertos ao diálogo com a Procuradoria-Geral do
Estado”, declarou.
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