Os debates eleitorais para a sucessão do próximo ano já foram claramente antecipados em movimentações e eventos que se assemelham a uma pré-campanha, a aproximadamente um ano e meio das eleições de 2014. Tanto os protagonistas da corrida eleitoral no próximo ano no Estado do Rio quanto os atores que irão participar do jogo sucessório presidencial já ensaiam articulações ou fazem projeções e mexem os tabuleiros para a disputa.
Mas as eleições do senador alagoano Renan Calheiros (PMDB) para a presidência do Senado Federal e do deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para a presidência da Câmara dos Deputados, sob as bênçãos da presidente Dilma Rousseff (PT), já podem ser encaradas como prenúncio do processo eleitoral no próximo ano, quando a presidente deverá tentar a reeleição. Isto porque o acordo nacional do PMDB e PT de manter um nome peemedebista na presidência das duas Casas, praticamente, ratifica que os dois partidos deverão seguir juntos no próximo ano. A exemplo dos petistas, os tucanos também deram a largada para a campanha à Presidência de 2014 com antecedência de mais de um ano.
Em Brasília, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) usou a tribuna do Senado para fazer seu discurso mais forte desde que iniciou seu mandato. Cobrado dentro e fora do seu partido para assumir a condição de pré-candidato tucano ao Palácio do Planalto, Aécio exibiu os argumentos com os quais tentará impedir a recondução de Dilma e procurou desmontar a imagem de gerente eficiente, por ela usada nas últimas eleições presidenciais. “Os pilares da economia estão em rápida deterioração, colocando em risco avanços que o país levou anos para implementar, como a estabilidade da moeda. A grande verdade é que, nestes dez anos, o PT está exaurindo a herança bendita que o governo Fernando Henrique lhe deixou”, disse Aécio. À noite, Dilma respondeu às críticas dizendo ouvir na oposição “ecos dissonantes, com timbres de atraso”.
Por outro lado, em São Paulo, a festa de comemoração dos 10 anos do PT no poder se transformou num pré-lançamento da candidatura de Dilma Rousseff à reeleição. O seminário teve como tema a redução da miséria – que deverá ser a principal bandeira de Dilma em sua estratégia para continuar no cargo.
Ao mesmo tempo em que Dilma se aproxima do PMDB, ela esbarrará, porém, no impasse criado pelo presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. Ele vem demonstrando interesse em compor chapa presidencial em 2014, o que exigirá da presidente jogo de cintura para lidar com os dois partidos aliados. O PSB quer a indicação da vaga de vice, hoje ocupada pelo PMDB. Caso contrário, Campos já cogita sair candidato em outra coligação.
O governador faz uma crítica aberta à manutenção da chapa presidencial PT-PMDB. “Há um grande risco para quem monta coalização para governar quando a aliança política não corresponde à aliança social feita para ganhar a eleição. Acho que a expressão que o PMDB começa a tomar nessa aliança é muito maior do que o que o PMDB representa na sociedade brasileira. E isso um dia é resolvido, ou pelos políticos ou pelo povo”, opina.
O deputado federal Anthony Garotinho (PR) acredita que outras pré-candidaturas podem surgir ao longo do processo. “O Fernando Gabeira (PV) pode vir candidato para evitar que o partido perca representatividade no Congresso e não ser engolido por Marina Silva e sua nova sigla partidária. A presidente Dilma é o nome do PT, embora tenha dito a jornalistas que quem a lançou candidata foi a mídia”.
Garotinho analisa que a hipótese Lula embora não possa ser 100% descartada vai ficando cada vez mais difícil. “Aécio Neves é o candidato do PSDB, mas o partido tenta apaziguá-lo com o grupo de José Serra. Eduardo Campos diz que não será candidato. Mas está de uniforme e chuteira aquecendo na beira do campo pronto para entrar no jogo se achar que lhe é favorável”, diz.
O ex-governador menciona ainda as dificuldades da ex-senadora Marina Silva em se lançar candidata por um novo partido. “Ela enfrenta a árdua tarefa da fundação de uma nova sigla, com o nome provisório de Partido Semear, voltado para sustentabilidade, mas vem encontrando resistências. Corre contra o tempo. Além desses nomes outros devem surgir, como uma ala do PDT defende o lançamento de candidato próprio, fala-se no nome do senador Cristovam Buarque (DF)”. “No PSOL, cogita-se lançar o senador Randolfe Rodrigues (AP). Quanto ao PR, há um grupo significativo que defende o apoio à reeleição da presidente Dilma”, acrescenta Garotinho, resumindo: “É o jogo que aparece no momento, mas ainda faltam muitas rodadas, estamos só no começo de 2013”.
Por fim, Garotinho lembra-se de um novo/velho personagem anunciado nas últimas horas, ninguém menos do que o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL). “Não acredito que o senador Fernando Collor se lance candidato a presidente em 2014, ainda mais porque termina o seu mandato de senador”. “É claro que não vejo chances para Collor, mas com certeza essa hipótese provocaria uma mudança do quadro eleitoral. Ele ainda tem votos entre pessoas humildes, principalmente no Nordeste, e tiraria votos do PT. A disputa será mais acirrada do que em 2010, qualquer voto a menos terá um peso que pode ser decisivo”, conclui.
Para justificar seus argumentos, Eduardo Campos ressalta que “em outros momentos, alianças políticas que foram feitas em determinadas conjunturas e que tentaram impor à sociedade a sua manutenção, o povo rapidamente não consentiu e a desmontou”, completa.
O governador pernambucano, dentro da estratégia de se tornar mais conhecido nacionalmente, tem participado de eventos em todo o País – e em consequência disso, tem conquistado generosos espaços nas mídias regionais, Campos esteve em Aracaju (SE), a pretexto de ser homenageado por uma instituição de educação inclusiva. Na oportunidade, concedeu entrevistas e pousou para fotos junto com lideranças locais.
Eduardo Campos visitou a Baixada Fluminense onde almoçou, em Duque de Caxias, com prefeitos do PSB eleitos em oito cidades do Estado. Caxias tem como prefeito o ex-deputado Alexandre Cardoso, que já foi líder da bancada do PSB na Câmara Federal. O objetivo principal não ficou claramente definido, mas ficaram sinais fortes da intenção de Campos com vista a 2014.
No Estado do Rio, o próprio resultado das eleições municipais de 2012 deu uma medida do calibre dos partidos para a disputa em 2014. Além do trunfo indiscutível de Garotinho, deputado federal mais votado da história do Estado do Rio, o PR disparou ao conquistar 28 prefeituras nas últimas eleições municipais.
O vice-presidente regional do PR, o deputado estadual Geraldo Pudim traça um panorama não muito nítido do cenário da sucessão fluminense. Diz não acreditar na solidez das candidaturas do vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e do senador Lindberg Farias (PT), pois há divergências nos próprios partidos. A única certeza, avalia Pudim, é quanto a candidatura do deputado Anthony Garotinho. “O único partido onde há consenso e unanimidade quanto à candidatura própria é o PR. Garotinho é o único que pode dizer que é candidato com o apoio do todo o partido. Os outros, não podem contar com essa certeza. No PMDB, há divergências quanto ao lançamento da candidatura de Pezão, que ainda não decolou. É uma figura ainda muito pouco conhecida da maioria dos eleitores”.
Pudim ressalta que no PT, há também quem discorde da candidatura do senador Lindberg, achando que o partido deve fazer aliança com o PMDB”, afirmou. “Há quem cogite também sobre a candidatura do senador Marcelo Crivella, mas eu não acredito. Creio que seja um factoide”.
O deputado chama atenção ainda para o fato de que a definição do tabuleiro das eleições no Estado do Rio depende do que for decidido nas negociações envolvendo a sucessão presidencial. “Teoricamente, o PT quer o apoio do PMDB nas eleições presidenciais. Mas em São Paulo, há um confronto de posições na sucessão estadual, onde o PT tem a prefeitura e quer o governo do Estado, onde o PMDB tem ninguém menos que o vice-presidente da República, Michel Temer. A mesma indefinição ocorre no Rio “.
Sobre o PR, Pudim considera que o partido é uma realidade no cenário estadual. “O saldo foi bastante positivo nas eleições de 2012. Eu digo que foi um milagre diante do enfrentamento com a máquina federal, estadual e de 91 prefeituras. Até porque o PR só tinha a prefeitura de Campos e teve que enfrentar um mar de dinheiro e práticas ilícitas cometidas pelos aliados do governador Sérgio Cabral e ainda o comportamento absolutamente parcial do TRE-RJ quando decidia qualquer questão envolvendo nossos candidatos”, analisou ainda.
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