Também foi determinada a perda do mandato do deputado; parlamentar informou que vai entrar com recurso.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta terça-feira (02/05/2017) o deputado federal Paulo Feijó, do PR, a 12 anos, 6 meses e 6 dias de reclusão em regime inicial fechado. Além de pagamento de mais 374 dias-multa pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O deputado diz que vai recorrer.
Como efeitos da condenação de relatoria da ministra Rosa Weber, foi determinada a perda do mandato parlamentar e sua interdição para exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas citadas na lei de combate à lavagem de dinheiro, pelo dobro da pena privativa de liberdade aplicada. O deputado tem base eleitoral em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.
Seguindo proposta do revisor da ação penal, ministro Luís Roberto Barroso, por unanimidade, os ministros decidiram pela perda do mandato com base no artigo 55, inciso III, da Constituição Federal, que prevê essa punição ao parlamentar que, em cada sessão legislativa, faltar a um terço das sessões ordinárias, exceto se estiver de licença ou em missão autorizada pelo Legislativo. Os ministros entenderam que, neste caso, em vez de ser submetida ao Plenário, a perda de mandato deve ser automaticamente declarada pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
Segundo o revisor, como regra geral, nos casos em que a condenação exigir mais de 120 dias em regime fechado, a declaração da perda de mandato é uma consequência lógica. O ministro salientou que, nos casos de condenação em regime inicial aberto ou semiaberto, é possível autorizar o trabalho externo, mas no regime fechado não existe essa possibilidade.
“A Constituição diz, com clareza, que quem faltar mais de 120 dias ou um terço das sessões legislativas perde o mandato por declaração da Mesa e não por deliberação do Plenário. Ora bem, quem está condenado à prisão em regime inicial fechado no qual precise permanecer por mais de 120 dias, a perda tem que ser automática”, afirmou o revisor.
O julgamento da ação penal foi retomado nesta terça-feira unicamente para a fixação da pena e dos efeitos da condenação, ocorrida na sessão do último dia 4 de abril. Na ocasião, após se pronunciarem pela condenação do parlamentar pelos crimes de corrupção passiva, previsto no artigo 317 do Código Penal, e lavagem de dinheiro, previsto no artigo 1º, inciso V, da Lei 9.613/1998 (redação antiga), os ministros resolveram deixar para uma sessão posterior a dosimetria a as consequências da condenação.
A pena pelo crime de corrupção passiva foi fixada em 5 anos, 7 meses, 6 dias, mais 222 dias-multa. Já a pena por lavagem de dinheiro foi estabelecida em 6 anos, 10 meses, 20 dias, além de 152 dias-multa, perfazendo o total de 12 anos, 6 meses e 6 dias, mais 374 dias-multa. O dia-multa foi fixado em 3 salários mínimos.
Em nota, assessoria jurídica do parlamentar informou que vai aguardar a publicação do acórdão para entrar com o recurso necessário.
Operação Sanguessuga:
O caso é um desmembramento da operação Sanguessuga, da Polícia Federal, na qual foi revelado em diversos estados um esquema criminoso de desvio de recursos públicos por meio da aquisição superfaturada, por prefeituras, de veículos – especialmente ambulâncias – e equipamentos médicos, com favorecimento em licitações. Segundo a acusação, caberia ao deputado federal apresentar emendas ao orçamento geral da União, destinadas a municípios das regiões norte e nordeste do Estado do Rio de Janeiro, para beneficiar empresas.
Paulo Feijó
Nascido em Santa Maria Madalena, na Região Serrana, Paulo Feijó tem base eleitoral em Campos, onde foi vereador por duas vezes, chegando a ser presidente da Câmara. Também foi candidato a prefeito de Campos em duas ocasiões. Atualmente, ele está no quinto mandato como deputado federal.
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