A ex-deputada federal Flordelis dos Santos de Souza foi transferida, na noite desta sexta-feira, para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, como informou a Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap). Antes, após deixar a Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), ela passou pelo Instituto Médico-Legal (IML) de Niterói para realizar o exame de corpo de delito. Segundo a Seap, a pastora permanecerá na unidade até que seja realizada a audiência de custódia, que está prevista para este sábado.
Flordelis foi presa no início da noite em casa, no bairro de Pendotiba, Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Ela teve a prisão preventiva decretada minutos antes pela juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói. A decisão veio 48 horas depois de o mandato da pastora na Câmara dos Deputados ter sido cassado e após pedido do Ministério Público estadual e do advogado Angelo Máximo, que representa o pai de Anderson do Carmo no processo criminal em que Flordelis responde pela morte do marido.
Flordelis saiu de casa acompanhada da advogada Janira Rocha e escoltada por policiais da DHNSG, responsável pelas investigações sobre a morte do pastor Anderson do Carmo, marido da ex-deputada. Sem máscara, ela segurava uma Bíblia. "Fé em Deus. Amo vocês", disse a pastora ao entrar na viatura da Polícia Civil. Flordelis vestia um casaco, usava uma faixa nos cabelos e estava de óculos de grau.
Os policiais da DHNSG chegaram à casa de Flordelis por volta das 17h30. Uma viatura ficou estacionada na entrada da casa aguardando a decretação da prisão, o que ocorreu às 18h13. Por volta das 18h30, com o mandado em mãos, eles tocaram a campainha da casa.
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Ao serem atendidos por um dos moradores, os agentes informaram que havia um mandado de prisão contra Flordelis. A entrada na casa foi liberada. Já dentro da residência, eles deram voz de prisão à pastora
Pouco antes de ser presa, Flordelis fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais na qual afirmou que "chegou o dia que ninguém desejaria". Na mensagem de poucos minutos, que continua disponível no perfil, a pastora pede orações aos seguidores:
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"Olá, gente. Chegou o dia que ninguém desejaria chegar. Estou indo presa por algo que eu não fiz, por algo que não pratiquei. Eu não sei para quê, mas estou indo com força e com a força de vocês. Orem por mim. Orem, orem. Uma corrente de oração na internet. Busquem a Deus, está bom? Um beijo, amo vocês", diz Flordelis na gravação.
Na decisão decretando a prisão, a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce proibiu que Flordelis tenha contato com outros réus no processo, que também estão presos. A magistrada determinou que ela permaneça em uma unidade prisional diferente das demais acusadas — duas filhas da pastora, uma neta e a mulher de um policial militar estão presas acusadas de participação no crime e em um plano para atrapalhar as investigações.
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Por nota, os advogados Rodrigo Faucz, Jader Marques e Janira Rocha, que defendem Flordelis, lamentaram "a prisão e a exposição desnecessária e cruel feita para satisfazer a mórbida e sórdida parcela da mídia que sobrevive da tragédia e do infortúnio". No texto, o trio alega que "não há qualquer requisito idôneo" para que a ex-deputada não possa aguardar o julgamento em liberdade. "A prisão é totalmente desnecessária, ilegal, abusiva", acrescenta a nota.
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Os defensores lembraram que, antes mesmo da decisão decretando a prisão, um pedido de habeas corpus, ainda não julgado, foi impetrado junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ): "A situação será completamente revertida", asseguraram. Os advogados também recordaram um pedido de suspeição da juíza do caso feito pela defesa da pastora.
"De qualquer maneira, Flordelis continuará lutando para provar a sua inocência, assim como confia no Poder Judiciário como garantidor do devido processo legal, com plenitude de defesa e contraditório", conclui o texto divulgado pelos advogados de Flordelis.
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A pastora foi denunciada como mandante do assassinato em agosto do ano passado e não tinha sido presa porque, como deputada federal, tinha imunidade parlamentar, prevista na Constituição Federal. Com a cassação do mandato e sua publicação no Diário da Câmara dos Deputados, Flordelis deixou de contar com a proteção constitucional. Nesta sexta-feira, o MP pediu a prisão da ex-deputada, argumentando que a deputada cassada tinha tentado diversas vezes interferir nas investigações e no processo.
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