Neves pré a governador em Campos
Todas as conversas políticas giram em torno da eleição presidencial de 2022. Sobre a liderança isolada do ex-presidente Lula (PT) em todas as pesquisas, o derretimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a possibilidade de uma terceira via conseguir furar, ou não, essa polarização. Mas e a eleição a governador do estado do Rio, nas mesmas urnas de outubro de 2022? Sem perder de vista as consequências regionais da disputa nacional, os candidatos a protagonista na eleição ao Governo do Estado já se movimentam. Ontem, um deles, o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT), esteve em Campos para lançar sua pré-candidatura.
Caio pré a federal
Após eleger seu sucessor em Niterói no 1º turno de 2020, Axel Grael (PDT), Rodrigo Neves comandou a campanha de Caio Vianna (PDT) no 2º turno a prefeito de Campos. Não conseguiu virar a grande vantagem de Wladimir Garotinho (PSD), que ficou perto de fechar a fatura em turno único, mas encurtou bastante a diferença. E levou muitos a apostarem que, se a eleição tivesse mais uma semana, o resultado seria outro. Hoje secretário de Ciência e Tecnologia de Niterói, Caio acompanhou ontem Rodrigo, que o lançou pré-candidato a deputado federal. Pai de Caio, o popular ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT) também esteve presente.
Wladimir e Bacellar com Castro
Hoje, esta mesma página de Opinião da Folha da Manhã traz um artigo do consultor em estratégia Orlando Thomé Cordeiro. “Carioca da gema”, como se auto-intitula, ele fez uma análise sobre a disputa a governador do Rio a partir do ponto de vista da capital. Mas não deixou de observar como o jogo jogado do governador Cláudio Castro (PL) a 2022 tem se espraiado também ao interior. Na Campos governada por seu aliado Wladimir, cujo maior adversário na Câmara Municipal tem sido o secretário estadual de Governo Rodrigo Bacellar (SD), é até desnecessário dizer. Com Castro, os dois agora têm Caio com Neves.
Bilhões da Cedae até SFI
Orlando destacou “a bolada superior a R$ 22 bilhões” da venda da Cedae. Que propiciou a Castro “acordos e parcerias com prefeitos, tanto de municípios da região metropolitana quanto do interior (…) São R$ 7,688 bilhões distribuídos (…) pelos 28 municípios que aderiram ao plano de concessão de saneamento, sendo que 80% do total será repassado ainda nos anos de 2021 e 2022”. O consultor carioca exemplificou esse impacto a um vizinho de Campos: “São Francisco de Itabapoana, cujo orçamento anual em 2021 previa uma receita total de pouco mais de R$ 72 milhões e vai receber cerca de R$ 22 milhões ainda neste ano”.
Dr. Bruno na UPA de Campos
Outros dois pontos favoráveis a Castro foram analisados. Primeiro, o apoio de Bolsonaro, explicitado tanto na venda da Cedae, quanto na filiação do governador ao PL. Noves fora a simpatia, Orlando constatou: “no nosso estado as pesquisas indicam que o apoio ao presidente é superior à média nacional”. O outro ponto? “Recompor o secretariado, atraindo deputados (…) de diferentes partidos”. Nesta leva, Bacellar cavou sua vaga. E ontem entregou o comando da UPA de Campos ao seu candidato a prefeito em 2020, Dr. Bruno Calil (SD). Que agradeceu “a confiança do secretário Rodrigo Bacellar e do governador Cláudio Castro”.
Piso de Freixo, teto de Neves
O consultor carioca afirmou em sua análise: “Enquanto o governador se movimenta com desenvoltura cada vez maior, os possíveis concorrentes ainda não se apresentaram para a disputa. A única exceção é o deputado federal Marcelo Freixo, que recentemente migrou do Psol para o PSB”. Isto foi escrito na quinta, um dia antes de Neves se lançar ontem pré-candidato a governador na Campos governada pelos Garotinho, mas rachada em 2020 com os Vianna. Na briga pelo eleitor antibolsonaro do RJ, Freixo tem piso mais alto, que define dois no 1º turno. Mas Neves tem teto mais alto, que define entre os dois que chegarem ao 2º turno.
Paes, a “noiva preferida”
Entre as pré-candidaturas a governador de Castro, Freixo e Neves, uma certeza: a “noiva preferida” é o prefeito do Rio, Eduardo Paes, correligionário de Wladimir no PSD. Se entrasse na corrida ao Palácio Guanabara de 2022, seria um candidato fortíssimo. Mas prometeu na campanha a prefeito de 2020, na qual bateu Marcelo Crivella (Republicanos) com a graça de Deus, que não seria. O que voltou a afirmar em entrevista ao programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3, no último dia 9. Quando disse ao microfone da rádio mais ouvida de Campos: “isso (ser candidato a governador) não vai acontecer em 2022, em hipótese nenhuma”.
Pingo é letra
À Folha FM, Paes disse: “tenho uma pré-candidatura colocada, que é a do presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz”. Já ontem, o jornal carioca Extra anunciou: “(Paes) pôs na mesa a possibilidade de lançar outro nome (…) o secretário de Saúde Daniel Soranz”. Também ontem, Neves revelou em Campos manter conversas com Paes. Que foi lembrado no Folha no Ar de um seu encontro com Castro. E que este leva vantagem para ter o apoio do prefeito do Rio: eleito vice-governador em 2018, caso se eleja governador em 2022, Castro não pode tentar se reeleger em 2026. Indagado sobre isso, Paes não gostou. Da capital ao interior, pingo é letra.
Fonte: Jornal Folha da Manhã (Folha 1)
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