A contagem dos votos no primeiro turno das eleições municipais de 2016 deixou ainda muitas questões a serem respondidas: das 92 cidades com mais de 200 mil eleitores, em 54 haverá segundo turno. Uma certeza, porém, já foi dada pelas urnas: o Partido dos Trabalhadores (PT) sofreu sua maior derrota desde que assumiu o comando do país, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003.
O resultado de domingo mostra que o PT é, até agora, apenas o décimo partido em quantidade de prefeituras, com 256, subtraindo seu poder em 374 cidades. Há quatro anos, o partido terminou a disputa municipal em terceiro, com 630. O desempenho foi ainda pior nas grandes cidades do país. Mesmo disputando as eleições em 54 municípios com mais de 200 mil eleitores, a legenda venceu em apenas um — Rio Branco, no Acre, com Marcus Alexandre — e levou sete candidatos ao 2º turno.
Os resultados deste ano deixam o PT com 241 mil eleitores governados nos municípios mais populosos, podendo chegar a 3,3 milhões caso seja bem sucedido em todas as disputas que terá no fim do mês. Em 2012, na primeira eleição após a chegada de Lula ao poder, o eleitorado sob sua influência ultrapassava 15 milhões de pessoas.
O espólio do PT foi dividido entre sete partidos. PSDB, PSD, PP, PDT, PR, DEM e PTB ampliaram as prefeituras que vão administrar nos próximos quatro anos. O PSDB teve a maior ascensão: venceu as eleições em 791 municípios, 105 a mais que em 2012.
PMDB NÃO APROVEITA VÁCUO PELO PT:
O desempenho tucano foi impulsionado pelas vitórias em São Paulo. Além da capital, onde João Doria se elegeu no primeiro turno deixando o atual prefeito Fernando Haddad (PT) em segundo, o partido obteve importantes conquistas em São José dos Campos, Santos, Mogi das Cruzes, Piracicaba, Itaquaquecetuba, Taboão da Serra, Praia Grande e Barueri — todos os tucanos venceram com mais de 50% dos votos. O eleitorado sob sua administração nas grandes cidades chega a 12,6 milhões de pessoas. O PSDB ainda vai disputar o segundo turno em oito capitais e 10 municípios.
— (O desempenho do PT) Não é surpresa. Trata-se, aliás, da única expectativa absolutamente esperada. No mais, vimos situações muito singulares, como a experiência de São Paulo, onde o João Doria venceu no primeiro turno, e no Rio, onde o candidato da máquina (Pedro Paulo, do PMDB), em que se esperava que tivesse oportunidade de chegar ao segundo turno, não chegou.
No mais, o desempenho do PSDB e do PMDB não fogem ao esperado — afirma o cientista político Cláudio Gurgel, professor de Administração Pública na UFF.
Embora tenha conquistado o maior número de municípios no Brasil, com 1.027, o PMDB não aproveitou o declínio do PT para ampliar seus domínios. O partido manteve a média de 18% de vitórias da eleição passada, e se elegeu para apenas doze prefeituras a mais que em 2012. A sigla obteve cerca de 14,8 milhões de votos. Os peemedebistas, no entanto, celebram a participação em 12 disputas de segundo turno.
Apesar de ficar de fora do segundo turno no Rio, onde controla a prefeitura desde 2008, na primeira eleição de Eduardo Paes, o PMDB ganhou em duas cidades da Região Metropolitana: Nova Iguaçu, com Nelson Bornier, e Belford Roxo, com Waguinho.
DISPUTA PELAS DEZ MAIORES CIDADES:
A disputa pelos grandes eleitorados vai movimentar o mês. Entre as dez maiores cidades do país, oito terão segundo turno — Rio, Belo Horizonte, Fortaleza, Curitiba, Manaus, Recife, Porto Alegre e Belém.
Candidatos do PSDB estarão presente em quatro delas: nas capitais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Amazonas e Pará. O PT concorrerá somente em Recife, com João Paulo, que faz oposição ao atual prefeito Geraldo Júlio, seu adversário no próximo dia 30.
PR e PSOL participam de duas disputas. Já o PMDB disputará apenas a capital gaúcha, com Sebastião Melo, atual vice-prefeito. Melo e o tucano Nelson Marchezan desbancaram o petista Raul Pont, que chegou a liderar as primeiras pesquisas de intenção de voto e teve apoio da ex-presidente Dilma Rousseff em sua propaganda eleitoral na TV.
Além do PT, outro partido que deve lamentar o desempenho nas eleições municipais deste ano é o PSB. A legenda, que tinha no ex-governador de pernambuco Eduardo Campos seu principal líder, também perdeu terreno nos municípios com mais de 200 mil habitantes. A única vitória ocorreu em Campinas, com Jonas Donizette. Há quatro anos, o partido tinha 11 prefeituras nas grandes cidades, que somavam 7,7 milhões de eleitores governados.
O cenário, no entanto, não é tão negativo quanto o do PT. O PSB aparece em quinto no ranking dos partidos e vai disputar nove municípios no segundo turno.
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