sexta-feira, 25 de outubro de 2013

"ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE !"









       Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que o número de divórcios no Brasil bateu recorde em 2011. Foram 351.153 processos, um crescimento de 45,6% em relação a 2010, quando foram registrados 243.224. Foi a maior taxa alcançada no Brasil desde 1984.
Mas, segundo o IBGE, o número de casamentos também aumentou no país. Em 2011 foram realizados 1.026.736 casamentos, 5% a mais que no ano anterior. No município de Campos, pela estatística de Registro Civil feito em cartório, foram realizados 2.912 casamentos e registrados 1.010 divórcios.
      Para o bispo da Diocese de Campos Dom Roberto Francisco Ferrería Paz a cultura na qual a sociedade está inserida atualmente não busca fortalecer os vínculos afetivos. "Vivemos em uma sociedade materialista, onde se separa por motivos fúteis, como questões financeiras", criticou o bispo.
     Segundo Dom Roberto, os números demonstram que o trabalho feito pelas igrejas de preparação para o casamento tem sido insuficiente. "Casamento deve significar projeto de vida. A Igreja Católica é a favor da família e entende que o divórcio é a morte do amor. Ele contribui para o enfraquecimento da família", afirmou o bispo, destacando que os filhos são os que acabam sofrendo mais em todo esse processo de separação dos pais e passam a ter dificuldade na construção de lares estáveis.
    O pastor evangélico e psicanalista Aroldo Félix, da Segunda Igreja Batista de Campos, também defende a família. Ele acredita que três fatores têm contribuído para o divórcio: facilidade para se divorciar, crescimento da individualidade da raça humana e a auto satisfação, onde as pessoas acham que podem tudo. "A influência da igreja para a manutenção dos casamentos tem sido crucial. Ela tem feito com que muitos casais repensem suas atitudes e pensamentos. Buscamos conduzi-los pela Palavra de Deus, que prega o amor, a família e a comunhão", explicou o pastor, que desenvolve um trabalho com casais.
     Mensalmente, ele atende uma média de 80 casais com problemas familiares, que vão da convivência à criação dos filhos. "Eventualmente, a igreja oferece seminários, cursos de como se criar os filhos e treinamentos para ajudá-los. Muitas vezes, sentado no púlpito, vejo casais que, se não estivessem na presença de Deus, já teriam se separado. A influência do meio em que vivemos é grande. As pessoas veem como normal ficar trocando de cônjuge, como fazem muitos artistas".
     Diretor do Fórum Maria Tereza Gusmão e juiz da 1ª Vara de Família, Paulo Assed acredita que a concessão de divórcios nos próprios cartórios, a partir da Lei 11.441, de 2007, trouxe agilidade ao procedimento, mas não seria a causa do aumento constatado pelo IBGE. "O Poder Judiciário tem trabalhado para facilitar o acesso da população à justiça. Com isso, as demandas reprimidas começam a tomar os corredores", disse. Uma separação que na Justiça levaria seis meses para ser homologada, no cartório fica pronta em até cinco dias.
      Ele lembra que, para o divórcio em cartório, o casal não pode ter filhos menores de 18 anos ou incapazes e não discordar em relação aos bens. "A presença de um advogado também se faz necessária".
      Embora o fórum disponha de um grupo de conciliadores para levar o casal a repensar sua atitude, o juiz disse que são poucos os casais que desistem da separação. "A nova lei do divórcio também acabou com a exigência da separação judicial de um ano ou da separação de fato de dois anos. Hoje, o casal briga e pode se divorciar". Em 2009, somente na 1ª Vara de Família, foram realizadas 452 ações de divórcio; 417 em 2010; 420 em 2011; 248 em 2012 e 213 em 2013.

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