Na denúncia contra Eduardo Paes (DEM) aceita pela Justiça Eleitoral nesta terça-feira (8/9/20), o Ministério Público Eleitoral afirma que o ex-prefeito do Rio recebeu R$ 10,8 milhões em propinas da Odebrecht.
Segundo o MP, a propina foi entregue em remessas em espécie por um operador financeiro a serviço do Grupo Odebrecht.
Os procuradores sustentam que a vantagem indevida financiou sua campanha eleitoral de reeleição à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2012, via caixa 2.
Paes (DEM) afirmou que a busca em sua casa nesta terça-feira (8/9/20) foi “uma tentativa clara de interferência do processo eleitoral”.
“Às vésperas das eleições para a Prefeitura do Rio, Eduardo Paes está indignado que tenha sido alvo de uma ação de busca e apreensão numa tentativa clara de interferência do processo eleitoral — da mesma forma que ocorreu em 2018 nas eleições para o governo do estado”, disse.
Dez milhões em três meses
De acordo com as investigações, entre os dias 4 de junho e 19 de setembro de 2012, Paes recebeu R$ 10,8 milhões das mãos de Benedicto Barbosa da Silva Junior e de Leandro Andrade Azevedo, executivos do Grupo Odebrecht.
Os valores foram recebidos indiretamente, por intermédio de Renato Barbosa Rodrigues Pereira e de Eduardo Bandeira Villela, sócios da Prole Serviços de Propaganda, que receberam sucessivas entregas de dinheiro em espécie, visando a custear, de forma dissimulada, a campanha eleitoral em que o então prefeito buscava sua reeleição.
Ainda segundo a denúncia, o deputado federal e então chefe da Casa Civil da Prefeitura do Rio de Janeiro Pedro Paulo Carvalho Teixeira, coordenador da campanha eleitoral de Eduardo Paes, “embora plenamente ciente da natureza ilícita dos pagamentos recebidos, encarregou-se de gerenciar o recebimento da vantagem indevida, especificando a forma como seria destinada e indicando os responsáveis por sua arrecadação”.
O apartamento de Paes, em São Conrado, Zona Sul, foi alvo de um mandado de busca e apreensão expedido pelo juiz Flavio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 204ª Zona Eleitoral.
Itabaiana também aceitou uma denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e tornou Paes e outros quatro investigados réus por crimes de corrupção, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro.
Ainda não foram divulgados detalhes da investigação. A TV Globo apurou que o deputado federal Pedro Paulo (DEM) também é réu.
“A defesa sequer teve acesso aos termos da denúncia e assim que tiver detalhes do processo irá se pronunciar”, emendou a nota de defesa de Paes.
Pedro Paulo apontou “uso político de instrumentos da Justiça para interferir na eleição”.
“Não nos intimidarão. Ao ter acesso o conteúdo da denúncia, farei a minha defesa no processo”, afirmou.
Também foram denunciados Benedicto Barbosa da Silva Junior, ex-executivo da Odebrecht; Renato Barbosa Rodrigues Pereira, marqueteiro de Paes; e Eduardo Bandeira Villela, sócio de Renato.
A aceitação da denúncia pela Justiça Eleitoral não impede Paes de concorrer à Prefeitura do Rio nas eleições deste ano – a candidatura do ex-prefeito foi oficializada na semana passada. Para se tornar inelegível, uma pessoa tem que ser condenada em segunda instância.
Agentes do MPRJ estiveram na casa de Paes e, por volta das 7h30, saíram com documentos.
São Francisco de Itabapoana, Buena - RJ - matéria escrita e postada por ELISÂNGELA GOMES RIBEIRO
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