sábado, 9 de janeiro de 2016

"Índice cai em 2015. Segundo o comandante do 8º BPM no ano passado foram registradas 59 mortes a menos que em 2014!"

Índice cai em 2015

                           Há pouco mais de um ano à frente do 8º Batalhão de Polícia Militar (8º BPM), que atua nos municípios de Campos, São Francisco de Itabapoana, São Fidélis e São João da Barra, o tenente-coronel Marcelo Freiman esteve na última quarta-feira (5) no programa Debate Diário, apresentado pelo jornalista Carlos Cunha, na Tv e Rádio Diário e detalhou o resultado da atuação da PM no ano de 2015, quando foram criados, nas redes sociais, canais de comunicação com a população. De acordo com Freiman, a polícia conseguiu neste período reduzir em 23% o número de homicídios, e ainda registrar aumento nas apreensões de drogas. Segundo o comandante, a integração da corporação com a Polícia Civil (na realização de operações) e com a prefeitura de Campos, que desempenha ações que segundo ele complementam a Segurança Pública, foram fundamentais para os resultados positivos no ano passado. Nos próximos dias — ainda não há data definida — Marcelo Freiman vai deixar o comando do 8º BPM/Campos. A exoneração foi publicada no Boletim Interno da Polícia Militar no último dia 29. Ele será substituído pelo tenente-coronel Marco Aurélio Pires. 

ENTREVISTA PARA O DIÁRIO:

O Diário (OD) - O senhor já tem um balanço oficial do combate à criminalidade em Campos e região em 2015?
Marcelo Freiman (MF) –
 Assumimos o comando em dois de dezembro de 2014 e temos um balanço extremamente positivo deste trabalho. Atuamos em diversas frentes, mas confesso que, principalmente, trabalhamos na redução dos homicídios na região, tentando diminuir esta taxa que traz tanta intranquilidade  à população. Então, nesse final de ano, nós concluímos o nosso trabalho anual com uma redução de 23% do número de homicídios em relação ao mesmo período de 2014. Foi um intenso trabalho e isso significa 59 mortes a menos do que o mesmo período do ano anterior. Também diminuindo em 47% as tentativas de homicídio. Atuamos  em diversas áreas utilizando a análise criminal para identificar os pontos onde estavam mais sensíveis e a necessidade de maior policiamento. Fizemos um patrulhamento objetivado nos pontos principais onde a letalidade violenta acontecia, bem como os outros crimes. Mas, não esquecemos dos outros indicadores de criminalidade.

OD - E os outros crimes?
MF-
 Também diminuímos em 33% o roubo de rua, aquele que ocorre mais corriqueiramente nas localidades. Sabemos que existe uma subnotificação muito grande porque parte das vítimas não registra. O roubo de veículo que também é um delito, que também causa uma sensação de insegurança muito grande na população, nós reduzimos  44% em toda a região. Quanto ao furto de veículos também tivemos uma redução significativa de 33%, mas o roubo a mão armada (quando há ofensa ou ameaça a integridade da pessoa) foi reduzido em 44% em toda região, sendo em 90% em Campos dos Goytacazes onde havia maior incidência. Isso para todos nós é uma grande vitória. Trabalhamos também na redução da lesão corporal em 21%. Já com relação a estupro, roubo a estabelecimento comercial tivemos uma redução significativa  em 23%. Em todos os outros indicadores tivemos redução significativa. 
OD - O acompanhamento de homicídios é diferenciado?
MF -
 Fizemos um estudo para verificar a questão do homicídio. Chegamos a uma taxa por 100 mil habitantes retrocedendo a 11 anos atrás, ou seja, conseguimos baixar a uma taxa de 11 anos atrás. Então isso significa que o trabalho foi extremamente positivo, e precisa se dar continuidade a ele para que nós possamos reduzir e trazer uma segurança maior a nossa região. 
OD – No ano passado, o 8ºBPM teve um reconhecimento pela queda nos índices de violência...
MF -
 Exatamente, o Estado do Rio de Janeiro, através da secretaria de Segurança Pública tem um programa chamado Metas e Acompanhamentos de Resultados. Esse programa é integrado com a Polícia Civil e busca a redução de indicadores de criminalidade, principalmente, letalidade violenta (homicídios, roubo de ruas e roubo de veículos). E nós, no primeiro semestre, conseguimos um índice inédito aqui na região que foi a primeira colocação. Baixamos em mais de 20% todos esses indicadores trazendo, inclusive, um prêmio pecuniário para cada um dos policiais militares. Isso foi muito importante para que os policiais militares se motivassem a perseguir os objetivos das metas da Segurança Pública e os indicadores. Nós trabalhamos, insistentemente, nos pontos onde vinha acontecendo e acompanhando essa mancha criminal. Em todas as áreas trabalhamos no sentido repressivo. 
OD - E as parcerias?
MF -
 Trabalhamos intensamente a integração com a Polícia Civil em operações. E intensamente a integração com a prefeitura através da Guarda Municipal e do Gabinete de Gestão Integrada. Limpeza pública, iluminação, poda de árvore são trabalhos que resultam em segurança pública para a população. Nem sempre, somente o patrulhamento da viatura numa rua faz a diferença. São vários fatores que fazem contribuem.

OD - E a população colabora com denúncias?
MF -
 Este é o outro ponto positivo, a  população acreditando no nosso trabalho passou a denunciar mais. Criamos canais de comunicação com a sociedade, além do 190 e do Disque denúncia, nós criamos o Facebook e o WhastApp. Tudo dando a oportunidade para que essa população informasse à Polícia Militar o que estava acontecendo na região, nos bairros, nos logradouros e que pudesse ser trabalhado de maneira mais eficaz. 
OD - O 8º BPM chegou a perder algum policial em combate?
MF –
 Não, graças a Deus não. Essa é uma das nossas maiores vitórias. E outra grande vitória é que, até o mês de novembro, nós não tivemos nenhum combate com morte, ou seja, um homicídio envolvendo a intervenção direta da Polícia. Mas, em dezembro, infelizmente, tivemos o  caso do adolescente que quando adentrou numa casa, atentou contra a vida do policial no momento da abordagem. Até ali nós não tínhamos nenhum tipo de caso como esse. 

OD - E a repressão ao tráfico de drogas?
MF -
 Realizamos  prisões com índices acima do mesmo período do ano anterior, relacionadas ao tráfico onde 70%, dependendo do mês, elas são provenientes de desdobramentos  ou envolvimentos com tráfico de entorpecente. E nesse contexto também que nós chegamos a apreender 40% a mais de cocaína, 62% a mais de maconha, 80% a mais de crack. Ou seja, gerando prisões, retirando de circulação essa droga e apreendendo grupos criminosos envolvidos neste tipo de delito.

OD – Numa substituição rápida atendendo à determinação do Comando Geral, quando o senhor mesmo veio transferido do Batalhão no município de Itaperuna, e que também se mobilizou pela sua permanência por conta do trabalho que vinha realizando lá, o senhor chegou a Campos e enfrentou certa resistência da sociedade civil organizada, até mesmo da própria Imprensa. Houve uma preocupação quanto à mudança de perfil em relação ao trabalho que vinha sendo realizado, pelo comandante anterior, mas o senhor nos surpreendeu muito e positivamente...
MF -
  Eu entendo que juntos somos fortes, se nós estivermos sempre juntos com um objetivo comum. Eu tenho que agradecer muito, também, além desses órgãos, os que me aceitaram e compreenderam o objetivo do nosso trabalho. À Polícia Civil que teve uma participação muito grande conosco, em grandes operações, compartilhou com todos os problemas que a gente analisava através da análise criminal mais específica, mais crítica em determinadas áreas, mas também a população que acreditou no nosso trabalho e com isso aumentou o número de denúncias. E aumentando o número de denúncias nós podemos atuar mais especificamente em determinadas áreas ‘cirurgicamente’. Nós procuramos trabalhar com determinado foco e em determinadas áreas evitando que terceiros pudessem ser vítimas de alguma ação. Então, sem muitas operações grandiosas, mas operações que fossem focadas em determinados tipos de delitos e em determinados locais para que a gente pudesse ali eliminar ou pelo menos minimizar os problemas. E eu gostaria muito de agradecer todo o efetivo do batalhão que compreendeu a estratégia utilizada. São grandes combatentes, grandes policiais valorosos que estão aqui defendendo diuturnamente, todos os dias, 24 horas por dia, em todos os lugares. Eles não deixam de patrulhar um local sequer de Campos dos Goytacazes  e é por isso que hoje nós temos o domínio total dessa área de Campos, São Fidélis, São Francisco de Itabapoana  e São João da Barra. Mas precisamos cada vez mais que os Conselhos Comunitários de Segurança e a população estejam próximos da polícia porque com isso nós podemos ainda fazer muito mais.  

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